quinta-feira, 27 de novembro de 2008 | By: Leandro Carvalho

"O Dom de ser Quixote"


Vindo de um horizonte distante tão valente em sua nobre montada;

Onde o sol se faz lua, e a partida é apenas chegada;

Andar meio desengonçado, jeito estranho de olhar tudo de lado;

Quixote moderno é o que és, seguindo os sonhos com o mundo aos seus pés,

-

Os dragões da vida moinhos de vento aos teus olhos são;

Ó doce fidalgo de tão puro casto coração;

Vejo em teus esperançosos olhos tantas lágrimas e solidão;

Em teu peito ainda habita tão triste e singelo coração

-

Faz da tua mais terna lágrima de dor lança afiada para combater o malfeitor;

Faz do teu mais doce sorriso, para a tua eterna amada singelo paraíso;

Faz da solidão teu fiel escudeiro, para transformar o mundo em seu eterno picadeiro;

Faz da tua espada pena afiada, para que seus feitos honrem a beleza de tua amada;

-

Os dragões da vida moinhos de vento aos teus olhos são;

Ó doce fidalgo de tão puro e casto coração;

Por baixo de tua armadura tão precária e inexata existe tanta solidão;

Acusam-te de louco, pois abandonastes a razão e hoje pagas o preço que lhe foi imposto...

A SOLIDÃO.

(Leandro de Carvalho Pereira)


"Rascunho Meu"




Deixo cair por sobre a superfície fria e intacta do papel uma lágrima de dor, que de tão triste macula sua brancura e pureza com versos tristes escritos por uma mão trêmula e de saudade...

-

Onde está minha bela amada? Dediquei-te minha vida, meu amor, minha dor, e agora que não tenho mais o que te oferecer ofereço-vos, minha morte, pois o ar que hoje respiro já não tem o mesmo gosto aos meus pulmões...

-

Meu doce anjo me leva contigo onde fores, e em cada sorriso que te for proferido lembra-te dos sorrisos puros que me dedicastes, em cada olhar que te for desferido, lembra-te dos olhares apaixonados que trocamos que de tão sublimes podíamos ver a alma um do outro...

-

Onde está minha bela amada? Dediquei-te minha vida, meu amor, minha dor, e agora que não tenho mais o que te oferecer ofereço-vos, minha morte, pois a lua que hoje compartilho minhas lágrimas, já não tem o mesmo brilho...

-

Todas as carícias puras as juras secretas de amor eterno, agora nem mesmo sei se tal sentimento mortal e bobo realmente existe ou é apenas uma tola invenção dos que amam...

-

Onde está minha bela amada? Dediquei-te minha vida, meu amor, minha dor, e agora que não tenho mais o que te oferecer, ofereço-vos minha morte, pois as lágrimas que hoje derramo já não trazem ao meu peito a mesma dor...

(Leandro de Carvalho Pereira)



"O Homem de Lata"



Seria pedir demais que as lágrimas de dor pudessem escorrer sobre a passividade de minha triste face metálica, cada vez que rememorasse as lembranças de um futuro imaginário que sonhei pra nós dois, num lugar tão distante onde os sonhos não envelhecem?

-

Seria pedir demais poder sentir o toque de suas mãos tão quentes por sobre a minha pele de metal, e por entre meus olhos de vidro, embaçado pelas lágrimas, poder ver teu jeito tão menina com trejeitos de mulher?

-

Seria pedir demais poder sentir o palpitar de um coração no meu frio e triste peito toda vez que quando abrisse meus olhos visse mesmo que por um instante o sorriso tão doce daquela que tanto amei mesmo que distante?

-

Seria pedir demais ver a alegria transmutar-se em sorriso em minha rígida e fria face em estar ao teu lado ao menos por um segundo para dizer-te tantas palavras mudas que em minha boca se calam diante do turbilhão de sentimentos que ao fim convergem para um só ponto, VOCÊ.

(Leandro de Carvalho Pereira)



"Lágrimas de Um Palhaço"




Fim do segundo ato

Fecham se as cortinas

Pra esconder o picadeiro

Tão sujo e frio quanto o

Meu coração de palhaço

-

Deixo rolar do canto

Do meu olho uma lágrima

De dor dissipando a

Falsa alegria

Que a maquiagem alegre

Conferia ao meu tão sofrido rosto

-

Finalmente posso ser eu mesmo

A alegria que o sorriso doce das

Crianças me conferia partiu

Ao fim de mais um espetáculo

Agora tenho comigo apenas as

Lágrimas da ausência de um

Amor que perdi sem nunca ter

Tido verdadeiramente.

-

Dói acordar e saber que antes

De ser palhaço, porta voz da alegria,

Sou homem porta voz da dor e do sofrimento

Da tristeza e da incerteza afinal de contas

Sou apenas humano.

(Leandro de Carvalho Pereira)



Facebook

Creative Commons

Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
Sejam bem-vindos. Hoje é

Recomende Nos...

Envie esta página a um amigo!